Festas Juninas e a Alegria

O mês de junho é tempo de alegria. Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo polarizam o calendário religioso festivo neste período. A tradição popular festeja os seus santos com novenas, orações, fogueiras, comidas típicas, quadrilhas e muito forró. Estas tradições congregam as famílias, unem as pessoas e recordam os santos intercessores com seus exemplos de fé e amor a Deus. As festividades extrapolam o âmbito estritamente religioso e promovem encontros de pessoas, famílias e comunidades sob a égide da alegria, da confraternização e da convivialidade. Fazem muito bem às pessoas estas oportunidades de alegre convívio e de contemplação dos feitos dos irmãos santos que galgaram os caminhos do Evangelho. Os exemplos deles são colocados em evidência para iluminar a vida da comunidade cristã.

Santo Antônio, presbítero e doutor da Igreja, é um santo especial. Iniciou sua vida sacerdotal como agostiniano. Sabendo do martírio de cinco frades franciscanos que tinham ido anunciar o Evangelho aos infiéis de Marrocos, entrou na Ordem de São Francisco com o desejo de dar a vida por causa do Evangelho. Religioso de profunda espiritualidade e grande cultura, seus dotes de pregador não demoraram a aparecer e São Francisco o encarregou de ensinar a santa teologia aos frades, contanto que não perdessem o espírito de oração e devoção. Transformou-se num grande pregador da Boa Nova de Jesus Cristo, na região de Pádua, Itália. Ali realizou grandes prodígios em nome do Senhor, fazendo-se próximo dos pobres e guia das famílias contra as heresias em voga naquela época.

São João Batista, o precursor de Jesus Cristo, batizou o Filho de Deus nas águas do Jordão. Daí o seu nome de Batista. O seu nascimento é recordado nas Sagradas Escrituras com especial destaque, relacionando-o com o advento do Senhor. A história de João Batista tem um brilho maravilhoso. No ventre de sua mãe, Isabel, pulou de alegria com a chegada de Jesus no ventre de Maria. Foi o primeiro encontro do precursor com Cristo. Dele Jesus mesmo afirmou: “Entre os nascidos de mulher nenhum é maior que João”. A sua pregação era de conversão dos pecados, penitência e oração.

Como profeta, preparou e anunciou a chegada do Messias. Depois retirou-se para que o Senhor iluminasse o mundo com sua luz. Não se cansou de anunciar a verdade e por isso teve a sua cabeça decepada a mando de Herodes numa trama de Herodíades, mulher de seu irmão.

Pedro foi o escolhido por Jesus para animar a sua grei: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. A força do Apóstolo não está nele mesmo, mas na escolha que dele Jesus fizera. São as palavras do Mestre que dão a Pedro a força para apascentar o rebanho do Senhor. Em Roma, anunciou com a palavra e com o sangue a esperança da Salvação, fazendo daquela cidade a sede da fé cristã. A cidade dos Césares tornou-se cristã ao preço do sangue de muitos mártires, especialmente por Pedro e Paulo.

Paulo, judeu ferrenho, encontrou-se com Cristo no caminho de Damasco. Caiu do cavalo e rendeu-se ao Senhor. Do mesmo jeito que defendia o judaísmo e perseguia os cristãos, Paulo passou a anunciar o Cristo Ressuscitado e foi um dos seus grandes defensores e propagadores. O Espírito do Senhor estava de tal modo impregnado na vida de Paulo que ele chegou a dizer: “não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. De fato, o Apóstolo das gentes sofreu tudo o que um discípulo podia sofrer por causa do seu Senhor e nisso glorificou a Deus. O modo como Paulo transmitiu o Evangelho às Comunidades cristãs é modelar. De comunidade em comunidade, ele anunciou Cristo Vivo e Ressuscitado. Escreveu cartas para animá-las e estas são um patrimônio precioso da tradição apostólica e uma herança magnífica que recebemos da Igreja. Suas mensagens são cheias de vida, de fé, de esperança e amor. Estamos para encerrar o Ano Jubilar, promulgado pelo Papa Bento XVI, de 29 de junho de 2008 a 29 de junho de 2009, recordando os dois mil anos do seu nascimento.

Estes santos marcam a nossa vida com seus exemplos, sua mensagem evangélica carregada de esperança e alegria. Quem na verdade contempla a vida dos santos não pode cruzar os braços diante dos problemas deste mundo, achando que não há nada que fazer. Na força de Deus que moveu suas vidas, também nós podemos lutar e vencer, deixando as marcas da fé e do poder divino na realidade que tocamos generosamente e iluminamos com a vivência da solidariedade, da fraternidade e da justiça.

A alegria destas festas nasce da fé e da certeza de que Cristo está conosco! Não foi este o testemunho e o legado que estes santos deixaram?!



Dom Manoel Delson
Bispo de Caicó-RN

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