Nesta Entrevista A Folha, Mons. Lucena fala da expectativa para o dia de sua Ordenação e do chamado de Deus ao Episcopado.
A FOLHA: Como aconteceu seu chamado para ser Bispo? E como o Senhor reagiu?
Mons. Lucena: O chamado para ser Bispo é um chamado gratuito e amoroso de Deus. Um ato livremente querido por Jesus unido ao Pai e ao Espírito Santo. Só podemos compreender o chamado à luz do mistério de Cristo, Pastor. Ele chamou os discípulos e dentre eles, escolheu doze. Assim Ele me escolheu. Não poderia imaginar este acontecimento em minha vida. Estava exatamente há um ano e quatro meses na Paróquia de São Francisco de Assis, de Lagoa Nova, com muitos planos e exercendo outras funções na Diocese. No meado do mês de maio passado, o Núncio Apostólico me chama a Brasília e comunica a minha nomeação para Bispo da Diocese de Guarabira pelo Santo Padre Bento XVI. A nomeação estava protegida pelo Segredo Pontifício até a publicação no dia 28 de maio, às 12 horas de Roma. A primeira reação é de surpresa, em seguida, pensa-se nas limitações e nos desafios inerentes a missão episcopal. Por último, experimenta-se uma paz interior, pois ciente de que foi escolhido por Deus, a resposta a nomeação é dada com o coração feliz e cheio de esperança.
Mons. Lucena: Tudo é novidade. As pessoas já me olham com um olhar diferente. Viam-me como um simples colaborador do Bispo e agora sabem que tenho o serviço de edificar, conduzir e defender a Santa Igreja. Nestes poucos dias já tenho sentido a grande responsabilidade da minha missão episcopal. A mensagem redentora não me pertence: é do Senhor. Não tenho direito de a dispor a meu agrado, nem para aumentar, nem para alterar. O coração se constrange, se enche de uma inquietação terrível, ao pensar que muitos ainda não entenderam nem estão vivendo a mensagem de Cristo. E digo com São Paulo: “Ai de mim, se não evangelizar”.
Mons. Lucena: São muitas as coincidências. O meu sobrenome significa luz (Lucena). Fui nomeado para a Diocese que tem como padroeira Nossa Senhora da Luz. A oração da manhã (laudes) que rezei na Capela da Nunciatura Apostólica no dia do comunicado da minha nomeação falava da luz. Logo lembrei do Sermão da Montanha: “Vós sois a luz do mundo”. Falei pra mim mesmo: o meu lema será luz. Significa que os discípulos do Senhor devem ser como a luz. Cristo é a verdadeira luz que ilumina todo homem; mas quis que os homens participassem de sua luz, a fim de que pudessem, por sua vez, transmitir a luz para os outros. Eu devo ser luz para todos no ministério episcopal.
Mons. Lucena: Que caminhei, mas poderia ter servido a Igreja com mais amor, com mais disponibilidade e mais abertura ao diferente. Algumas vezes agente se deixa levar pelo medo. De um lado tenho muito o que agradecer e de outro não caminhei o suficiente para a minha santificação.
Mons. Lucena: Sem rodeios: o ensinamento dos meus pais, a convivência na minha Paróquia, os serviços assumidos na minha Diocese, experiências na Arquidiocese do Rio de Janeiro e o período que fiquei como Administrador Diocesano da Diocese de Caicó Sede Vacante. Este último foi uma verdadeira escola. Um estudo permanente e oração diária. Ser homem de Deus e da Igreja.
Mons. Lucena: A expectativa é grande para estar com aqueles que me foram confiados. Escutá-los, conhecê-los e amá-los. Somar com todos que constroem há décadas uma Igreja viva. Partilhar as alegrias e os sofrimentos. Uma formação permanente do ser discípulo missionário de Jesus Cristo.
Mons. Lucena: Sim. Desde do dia da minha nomeação que o povo de toda a Diocese não mede esforço para expressar a alegria de receber este servo enviado por Deus até eles. As visitas, mensagens, entrevistas, reportagens, telefonemas, convites etc de sacerdotes, autoridades constituídas, diáconos, seminaristas, religiosas, religiosos, leigos, movimentos, pastorais, serviços e de diversos seguimentos da sociedade guarabirense. Sinto-me tão acolhido, que aumenta a minha responsabilidade de acolher todos sem distinção. Formaremos uma grande família. Acolher e se sentir acolhido é ser luz.
Mons. Lucena: Deus. Ele me chamou a ser gente, cristão, diácono, sacerdote e Bispo. É pela vontade de dEle que tenho vida e sou Bispo. Quem caminha com Deus tem a luz e não tropeça.
Mais informações:
Mons. Lucena explica que escolheu o dia 17 para a sua ordenação por ser o dia dedicado à Assunção de Nossa Senhora. Sobre a escolha de Dom Heitor para ordenante, ele diz: “Dom Heitor, por ter sido bispo de Caicó, me acompanhou, durante o período do Seminário, além de ter me ordenado padre. Por isso, o escolhi para me ordenar bispo também”.
Antes da ordenação, Mons. Lucena participa de um encontro para novos bispos, promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, de 11 a 15 de agosto, em Brasília.
Durante o encontro, os novos bispos refletem sobre orientações litúrgicas, teologia do episcopado, perspectiva da ação evangelizadora, questões jurídico-práticas do ministério episcopal, entre outros assuntos.
Fonte: Jornal A Folha do Seridó
0 comentários:
Postar um comentário