6º Domingo da Páscoa - Ano B - Jo 15,9-17

“Vocês são meus amigos”

1 - LEITURA
O que diz o texto?
O evangelho deste domingo é a continuação daquele do domingo passado, mantendo uma profunda relação, porém com uma temática nova. Já no início, percebemos que o amor é o centro do relato que partilhamos. Podemos dividi-lo em três partes:
· O fundamento do amor (versículos 9-10);
· O mandamento do amor (versículo 11-15);
· A eleição de Jesus (versículo 16-17).
Na primeira parte, Jesus mostra o fundamento do amor: assim como o Pai o ama, do mesmo modo, Ele ama os discípulos. Por isso, pede-lhes que nunca O deixem de amar. Mais uma vez, mostra-se que o amor do discípulo se expressa na obediência ao Senhor, assim como Jesus obedece ao Pai. É interessante notar as comparações que Jesus faz nestes poucos versículos.
Na segunda parte, Jesus introduz o motivo de seu ensinamento: diz tudo isto para que seus discípulos sejam felizes como Ele é, para que vivam a alegria real e profunda. Dito isto, “promulgará” o mandamento do amor: que se amem uns aos outros, como Ele nos ama. Aqui está uma das principais chaves para entender todo o evangelho de Jesus Cristo. Como se expressa o amor na visão cristã? O amor se expressa no doar a vida pelos amigos. Jesus chama “amigo” a seus discípulos porque lhes contou tudo o que o Pai lhe ensinou, não lhes chama de “empregados” porque o empregado ignora o que faz o seu senhor ou empregador. O discípulo não é um mero empregado de Jesus, mas é amigo de seu Senhor. O título de “amigo” é um dos mais belos que o Senhor pode nos dar.
Por último, Jesus enfatizará novamente o mandamento do amor (versículo 17), porém, também insistirá que é Ele quem escolhe seus discípulos. Na Palestina, era comum que os discípulos escolhessem a alguns dos qualificados mestres judeus para segui-los. No caso de Jesus, é Ele mesmo quem escolhe seus discípulos. É Deus quem chama e elege para que o sigam. Nesta última parte, se demonstra mais uma vez o que partilhamos no texto do domingo passado: Jesus envia seus discípulos para que dêem muitos frutos e para que peçam em seu Nome ao Pai, tudo o que necessitem.
Vendo o texto em sua totalidade é surpreendente o que se lê. Não se duvida do amor de Cristo por seus discípulos, porém é realmente incrível que o Senhor o compare com o amor que o Pai tem por Ele. Isto é surpreendente e tem que nos levar a refletir com serenidade e seriedade.
Curiosidade: A preposição que em nosso texto se traduz por “como”, no original grego tem esta perspectiva comparativa e também uma nuança de fundamentação. Podemos traduzi-la também por “porque”. Ou seja, Jesus não somente nos ama “como” é amado pelo Pai, mas também “porque” é amado pelo Pai. Deus Pai se transforma assim no fundamento do amor. A conseqüência prática para nossa vida será direta: nós devemos amar os irmãos “como” Cristo nos ama e “porque” Cristo nos ama. Outros textos bíblicos para confrontar: Jo 10,14-15; Rm 5,6-8 e Lc 10,25-28.
Perguntas sobre a leitura
· Quais são as primeiras palavras de Jesus no texto que hoje partilhamos?
· Quais são os termos da comparação que Jesus realiza? Anotá-las separadamente para que fiquem bem claras.
· Que relação há entre amor e obediência; entre obediência e amor?
· O que é que Jesus fala para que seus discípulos possam ser felizes como Ele é?
· Em que consiste o “mandamento do amor?”
· Como se demonstra de maneira concreta e palpável que alguém realmente está amando?
· Por que os discípulos de Jesus não são chamados “empregados” por seu Senhor?
· O que Jesus quer significar ao chamar seus discípulos de amigos? Por que os chama assim?
· Quem escolhe ser discípulo de Jesus: cada um dos homens ou o próprio Jesus?
· O que Jesus recomenda a seus discípulos-amigos?
· Como termina o relato? Qual é a última indicação?

2 - MEDITAÇÃO
O que me diz o texto? O que nos diz o texto?
Perguntas para a meditação
· O que significa para mim hoje, ouvir Jesus dizer que assim como o Pai o ama Ele também me ama?
· Obedeço à palavra do Senhor? O que Jesus me diz para minha salvação?
· Como me impacta a obediência absoluta de Jesus ao Pai?
· Escuto o que Jesus hoje me diz para que eu seja realmente feliz?
· Como estou vivendo o mandamento do amor?
· Dou a vida pelos demais?
· Entrego-me com seriedade à experiência do amor?
· Vivo um amor “afetivo” quanto à intensidade e “efetivo” quanto ao dar-me e entregar a minha vida?
· Deixo que Jesus me chame de seu amigo?
· Quero realmente aceitar seu convite? Quero ser seu amigo?
· Deixo que Jesus me conte tudo o que lhe ensinou seu Pai para caminhar na alegria e felicidade?
· Aceito que Jesus me escolha como seu discípulo? Me alegra seu convite?
· Quero ser ramo da videira que é o próprio Jesus para dar muitos frutos?

3 - ORAÇÃO
O que digo a Deus? O que dizemos a Deus?
Para fazer a oração, propomos esta série de versos, aparentemente anônimos, que marcam com clareza como o amor deve estar presente em todas as qualidades e virtudes da vida para que estas tenham sua justa medida.
A inteligência sem amor, te deixa perverso.
A justiça sem amor, te deixa implacável.
A diplomacia sem amor, te deixa hipócrita.
O êxito sem amor, te deixa arrogante.
A riqueza sem amor, te deixa avarento.
A docilidade sem amor, te deixa servil
A castidade sem amor, te deixa orgulhoso.
A pobreza sem amor, te deixa miserável.
A verdade sem amor, te deixa indiferente
A autoridade sem amor, te deixa tirano.
O trabalho sem amor, te deixa escravo.
A simplicidade sem amor, te deixa medíocre.
A oração sem amor, te deixa um farsante.
A lei sem amor, te escraviza.
A amizade sem amor, te deixa interesseiro.
A fé sem amor, te deixa fanático.
A cruz sem amor, se converte em tortura.
A vida sem amor... não tem sentido.

4 - CONTEMPLAÇÃO
Como interiorizo a mensagem? Como interiorizamos a mensagem?
Para suscitar uma autêntica contemplação com este texto, pode ser útil repetir algumas das frases que mais se destacam:
· Como eu vos amei...
· Dar a vida por seus amigos...
· Eu vos chamo amigos...
· Fui eu que vos escolhi...

5 - AÇÃO
Com que me comprometo? Com que nos comprometemos?
Proposta pessoal
· Crescer em obediência a Jesus no aspecto em que hoje me encontro mais debilitado e vulnerável.
Proposta comunitária
· Estabelecer um diálogo e um saudável confronto de idéias, em teu grupo, utilizando-se das frases que aparecem na oração deste exercício de Lectio Divina.

CELAM/CEBIPAL – SOCIEDADES BIBLICAS UNIDAS
Pe. Gabriel MESTRE

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