O bispo da Diocese de Caicó, Dom Manuel Delson Pedreira da Cruz, reforçou, em entrevista à Rádio Caicó AM, na manhã desta quarta (11) que o compromisso da Igreja Católica é com a vida, e por causa disso, não existe possibilidade de aceitar a legalização do aborto no Brasil.
A discussão girou em torno da polêmica em que a Igreja se envolveu nos últimos dias, quando o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou médicos e parentes da menina de nove anos que sofreu aborto devido ao estupro realizado pelo padrasto.
Dom Delson disse que a Igreja entende a dor e sofrimento vivido por estas pessoas, mas não pode também fugir da principal luta da Igreja, que é a importância da vida.
Marcos Dantas - Qual a opinião da Igreja do Seridó sobre estes últimos acontecimentos envolvendo a Igreja Católica?
A discussão girou em torno da polêmica em que a Igreja se envolveu nos últimos dias, quando o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou médicos e parentes da menina de nove anos que sofreu aborto devido ao estupro realizado pelo padrasto.
Dom Delson disse que a Igreja entende a dor e sofrimento vivido por estas pessoas, mas não pode também fugir da principal luta da Igreja, que é a importância da vida.
Marcos Dantas - Qual a opinião da Igreja do Seridó sobre estes últimos acontecimentos envolvendo a Igreja Católica?
Dom Delson - O discurso da Igreja que também a mídia cuida de desfazer da força dos valores que a Igreja Católica anuncia, vai criando uma descredibilidade da Igreja, onde no final as pessoas ouvem o que a Igreja diz, mas com aquela atenção que devia. Então o resultado é que não tem uma instituição que oriente como a Igreja. A Escola já não tem esse poder de orientação dos jovens e adultos. Entendemos que realmente vivemos numa sociedade multicultural. Não podemos impor somente uma visão, a Igreja entende muito bem isso, mas devemos ter espaço para expor as diversas visões e cuidar do que é essencial. Já não sabemos o que é essencial e fundamental. Existe uma inversão muito grande de valores. Nestes dias está na mídia todo esse debate sobre a questão da criança de 9 anos que foi estuprada na cidade de Alagoinhas, em Pernambuco, e que ganhou um espaço na mídia porque a Igreja se posicionou a favor da vida e contra o aborto, mas de acompanhar a criança com médico e os recursos da medicina, ao menos até os sete meses de idade, para que pudesse fazer a Cesária e quem sabe salvar a vida das gêmeas. Simplesmente foi aplicada uma lei que existe no Brasil, que nestes casos podem se fazer o aborto, quando a mãe está em risco de vida. Mas a Igreja não concorda com isso e tem o direito de mostrar para os seus fieis, qual é a sua posição, baseada na lei de Deus. Mas isso é uma discussão sobre o aborto que está entrando pouco a pouco, mesmo com a maioria dos brasileiros dizendo que são contras, mas isso é o grupo que vai apregoando.
"Todos os dias ouvimos depoimentos de mães que fizeram o aborto, e que estão traumatizadas, arrependidas e não podem corrigir mais. Já foi feito".
Marcos Dantas - Diante de todas estas resistências da Igreja Católica quanto ao uso da camisinha, da legalização do aborto, do fim do celibato, o que é mais difícil é o ser humano entender a postura cobrada pela Igreja ou a própria Igreja tentar se adequar a essa "modernidade" tão cobrada por algumas pessoas?
"Todos os dias ouvimos depoimentos de mães que fizeram o aborto, e que estão traumatizadas, arrependidas e não podem corrigir mais. Já foi feito".
Marcos Dantas - Diante de todas estas resistências da Igreja Católica quanto ao uso da camisinha, da legalização do aborto, do fim do celibato, o que é mais difícil é o ser humano entender a postura cobrada pela Igreja ou a própria Igreja tentar se adequar a essa "modernidade" tão cobrada por algumas pessoas?
Dom Delson - Mas, se modernizar significa abrir mão desses valores, nós estaremos contribuindo ainda mais para a degradação da família. Existe uma crise moral que perpassa tudo e a Igreja não pode entrar nesse relativismo. A Igreja errou na história, muitas vezes porque acompanhou a onda do momento. E aprendemos muito com isso. Estamos querendo defender a vida, que este é um dom único. Queremos que os católicos que tem fé e comungam com a Igreja entendam isso. Todos os dias ouvimos depoimentos de mães que fizeram o aborto, e que estão traumatizadas, arrependidas e não podem corrigir mais. Já foi feito. Eu vi psicólogos dizendo da quantidade de mães que procuram os consultórios para tentar tirar da cabeça esse trauma causado pelo aborto. Se no momento de tensão e dor, entendemos as circunstancias, é difícil para a mãe, uma jovem que foi estuprada, ter um filho, é uma situação delicada, não é fácil. Mas a Igreja defende a vida e vai continuar assim. Não vai entrar nessa modernização do momento. Isso passa e a Igreja e os valores divinos permanecem. É essa a compreensão que devemos ter. não podemos ser somente moderninhos para agradar o momento em que estamos vivendo, mas temos que cobrar valores.
Marcos Dantas - A sociedade contribui pra isso que a Igreja pede?
Dom Delson - O problema é que estamos convivendo com uma sociedade, onde muita gente não fé, pelo menos uma fé concreta, temos que respeitar as diferentes opiniões, mas temos que manifestar as nossas concepções cristas e evangélicas, independente do momento cultural que estamos vivendo e da provação que estamos passando. A Igreja já passou por várias crises e quanto mais ela sofre crise, mas ele cresce e amadurece o seu compromisso com a vida. Foi por isso que Jesus Cristo morreu na Cruz, porque não aceitou determinadas coisas. Ele não aceitou determinados compromissos e ajustes sociais. Se Jesus Cristo quisesse continuar com sua pregação e vivendo, ele renunciaria algumas coisas, mas preferiu morrer na cruz. A Igreja vai continuar sendo atacada pelos meios de comunicação, por uma corrente. Evidentemente que não se trata de um debate como esse, da Igreja apelar para a questão da excomunhão, feita pelo bispo de Recife e talvez pela linguagem dele, deu espaço para a divulgação na mídia. O trabalho da Igreja deveria ser acompanhar, como o bispo de Alagoinha estava fazendo, acompanhou a moça, a mãe ate Recife, colocou advogado a disposição. Mas no debate da sociedade, a gente perdeu porque a mãe foi induzida a fazer o aborto. O pai da menina era contra. Chegou a relatar que ela estava bem e ainda brincando chegou a dizer ao pai que estava com dois bebês na barriga e ficaria com um e daria o outro para sua irmã. O estado de espírito da menina não era esse em que realmente se passou pela mídia. Tem outros interesses da sociedade por trás disso, da legalização do aborto. A Igreja não aprova. É uma coisa assombrosa.
Fonte: Marcos Dantas
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