A LITURGIA, LUGAR PRIVILEGIADO DA LEITURA BÍBLICA

Com a renovação litúrgica implementada pelo Concílio Vaticano II, a leitura da Sagrada Escritura obteve um lugar de destaque privilegiado na liturgia. Esta renovação litúrgica ganha impulso ao lado do movimento bíblico que estimulou a igreja, comunidade cristã a voltar ao texto sagrado , com tudo o que nele se acha contido da mensagem, de alimento, de vitalidade para a própria igreja.

Na Sacrosanctum Concilium que é o documento sobre a sagrada liturgia, encontramos artigos que demonstram a relevância da Sagrada Escritura nas ações litúrgicas. Vejamos:

Cristo presente está pela Palavra, pois é ele mesmo que fala quando de lêem as Sagradas Escrituras na igreja (SC 7). Aqui, temos algo importantíssimo para que as equipes que preparam a celebração e de liturgias estejam atentas. A novidade é o acento da centralidade do Evangelho como ponto culminante de toda a celebração da Palavra (cf.OLM 13). Veja que é por esta razão que devemos caprichar pois, a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, como também o próprio corpo do Senhor; sobretudo na sagrada liturgia, nunca deixou de tomar e distribuir aos fiéis, da mesa tanto da palavra de Deus como do corpo de Cristo, o pão da vida(DV21) e assim, levar em conta o modo de executar o canto de aclamação, o volume de som dos instrumentos, o modo de conduzir o Livro (Biblia, Evangeliário ou Lecionário) até o altar, a atitude de escuta, a atitude corporal da assembléia e de quem faz o anuncio do Evangelho, os gestos, o silêncio, a boa leitura para que toda ação ritual, suscite a fé e transmita a própria vida divina aos fiés.

É muito grande a importância da Sagrada Escritura na celebração litúrgica. Dela se extraem os textos para a leitura e explicação na homilia e os salmos para cantar; do seu espírito e da sua inspiração nasceram orações, preces e hinos litúrgicos; dela tiram o seu significado os sinais e ações(SC 24). Assim, as leituras, orações, preces, hinos, salmos que ouvimos nas ações litúrgicas são inspiradas por Deus, é Palavra viva e eficaz (cf. Hb 4,12), portanto, sendo esta a autêntica palavra salvadora que viemos escutar na celebração litúrgica, elas não podem ser substituídas por outras (OLM 12). A palavra que ecoa na assembléia é palavra atual, que Deus fala hoje. É apelo, é divina provocação. Ninguém pode colocar-se diante do evangelho em atitude de espectador. A palavra desempenha sua função profética oferecendo: juízo de condenação do mal, que pode transformar-se em corajosa denuncia de injustiças patentes (penso em Dom Helder Câmara); estimulo à conversão, à indicação de compromissos concretos e urgentes com a igreja e com o mundo. É o que diz Barth: “Tenho em uma das mãos o evangelho e na outra o jornal, e leio os acontecimentos à luz do evangelho” (M. Magrassi. In Dicionário de liturgia p. 974)

Creio que esta orientação pode ajudar a todos nós a dar o valor necessário a Palavra de Deus nas ações litúrgicas, pois esta é Palavra de salvação. Os textos comuns, ainda que belos e que digam muito para o momento em que estamos vivendo podem vir na homilia ou mesmo antes da conclusão dos ritos finais.


Siglas
SC – Sacrosanctum Concilium
OLM – Ordo Lectionum Missae (Elenco das leituras da Missa)

Pe. Guanair da Silva Santos
Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Rio Novo (MG)
guanair@terra.com.br

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