Madre Teresa de Calcutá chegou a «amar a escuridão»

Padre Kolodiejchuc na apresentação das «Cartas privadas»

MADRI, terça-feira, 4 de junho de 2008 (ZENIT.org- Veritas).- O postulador da causa de beatificação da Madre Teresa de Calcutá, padre Brian Kolodiejchuk, apresentou esta quarta-feira em Madri o livro das cartas privadas da religiosa.

A correspondência da Madre Teresa permite reconstruir «o lado mais espiritual» e menos conhecido do trabalho desta humilde albanesa, segundo explicou o postulador.

Uma das surpresas que esta documentação revela permanecia oculta à maioria das pessoas, escondida detrás do sorriso constante de Madre Teresa, e foi no entanto essencial em sua vocação.

Trata-se da noite escura interior que a religiosa experimentou a partir dos anos 60, mas que começou muito antes, ao redor de 1937, quando era ainda missionária de Loreto, antes de fundar sua própria Congregação (Missionárias da Caridade).

No entanto, Madre Teresa pôde harmonizar a «alegria por fazer dia após dia o que Deus lhe pedia», com o «desconsolo e a solidão». Segundo o padre Kolodiejchuk, «sorrir» foi sua escolha. Em uma de suas cartas, Madre Teresa escreve: «quando vejo alguém triste, penso sempre que está negando algo a Jesus».

Além disso, a religiosa chegou a «amar a escuridão», como confessa em uma carta ao padre Neuner: «Pela primeira vez nestes onze anos, cheguei a amar a escuridão. Pois agora creio que é uma parte, uma muito, muito pequena parte da escuridão e da dor de Jesus na terra. O senhor me ensinou a aceitá-la como um «lado espiritual de “sua obra”» (...). Hoje senti realmente uma profunda alegria, porque Jesus já não pode sofrer de novo a agonia, mas Ele quer sofrê-la em mim. Mais que nunca me entrego a Ele. Sim, mais que nunca estarei à sua disposição».

O padre Kolodiejchuk confesou que teve de ler «várias vezes as cartas» até entender de que se tratava verdadeiramente a «escuridão»; inclusive muitas irmãs que conviviam próximas dela «não tinham nem idéia do que se passava em seu interior».

Ao ver a grandiosa obra que Madre Teresa realizou (sobretudo após sua inspiração em 1946, quando recebe “o chamado dentro do chamado” para trabalhar entre os mais pobres dos pobres) o mais difícil é pensar que o fazia apoiada no consolo que experimentava em Deus. No entanto, segundo o postulador, o que fiz “heróica” sua vida foi precisamente a fidelidade a Deus, apesar desta falta de consolo.

Para Madre Teresa, «a maior pobreza no mundo de hoje» era «não se sentir amado», por isso, compreendeu que experimentar o abandono de seu Amado como algo real a aproximava dos seus pobres e a identificava com o sofrimento de Jesus Cristo no Horto das Oliveiras e na Cruz, quando ele pergunta ao Pai: «Por que me abandonaste?»

Segundo o padre Kolodiejchuk, a experiência de Madre Teresa é similar à de outros santos e mais que «crise» de fé (que faz referência a algo mais «existencial e intelectual»), o que Madre viveu foi uma «prova de fé», até alcançar, como disse um de seus confessores, «uma fé pura e desnuda, sem sentir nada».

O postulador vê nesta atitude um exemplo para os fiéis, que devem saber que «a fé nem sempre é fácil» e «temos de lutar».

Apesar do desejo de Madre Teresa de que seus escritos fossem destruídos, finalmente são divulgados, porque a Igreja considera que, ainda que se tratou de uma experiência «pessoal», não foi uma experiência «privada», porque não foi só para ela. Os Missionários da Caridade herdaram o «carisma» de Madre Teresa, que consiste não só em compartilhar a pobreza material, mas também a espiritual.

O postulador concluiu que o amor que Madre Teresa viveu não é só para «admirar», mas que «é possível imitá-lo começando ao nosso redor».

1 comentários:

Unknown disse...

Que coisa mais linda a vida desta mulher batalhadora na fe, e no seu amor ao proximo... Uma demonstraçao de verdadeiro amor em Cristo. Sou sua fã Madre Tereza..
Rosangela Sto Andre Sp