Todas as previsões estão sendo confirmadas. As chuvas chegaram e o inverno promete. É impressionante o que as chuvas fazem no semi-árido. A natureza, castigada pelo sol e a estiagem prolongada, desafiando a resistência do seridoense, parecia decretar a sentença de morte. As plantas já sem suas folhas, a terra tórrida a imitar o deserto, os animais, com a falta de água e comida, morrem e são atirados às margens das estradas, os homens sem opções de trabalho migram para as cidades, se amontoam nos cinturões dos centros urbanos já saturados de tanta gente. De repente uma combinação de fatores metereológicos, com as graças de Deus, fazem chover e tudo se transforma. Toda natureza, que parecia dormir na sequidão do verão impiedoso, acorda com tanta energia e força, é a ressurreição da natureza.
O inverno chuvoso traz a certeza de um tempo abençoado. As chuvas no dia de São José confirmaram o que todos desejavam: um ano de fartura e sem os problemas da falta de água. Chuva no dia do Patrono dos Trabalhadores significa um São João de fartura. E está aí: barreiros e açudes cheios, rios correndo e o verde exuberante da caatinga, transformando a paisagem. Que beleza!
A caatinga agradece a providência divina e se veste de verde e fala de esperança e alegria para o seridoense. É muito interessante esta transformação operada pelas chuvas. A terra é fértil e, em tempo de chuva, é pródiga. É realmente um dom grandioso todas estas chuvas. Sejamos agradecidos a Deus!
Também é importante aprendermos a valorizar a água e a conservá-la, com todos os cuidados, nas cisternas para, nos tempos de estiagem, haja água de qualidade para beber. Neste sentido, o programa das cisternas zona rural é uma providência maravilhosa. O SEAPAC, que atua no Programa Um milhão de Cisternas (P1MC), em parceria com o governo, está contribuindo para que as famílias tenham o seu reservatório de água potável. Reconheço o empenho da equipe do SEAPAC e os resultados alcançados aqui no Seridó.
“O programa de formação e mobilização social para a convivência com o semi-árido: um milhão de cisternas rurais - Programa P1MC busca garantir a um milhão de famílias rurais carentes, quase sempre dispersas, a superação de suas necessidades de água potável e contribuir para a emancipação da cidadania e para o fortalecimento do capital e energias sociais já em incipiente mobilização. O objetivo é contribuir com o processo educativo e de transformação social, gerenciado pela sociedade civil, visando à preservação, ao acesso e à valorização da água como um direito essencial da vida e da cidadania, ampliando a compreensão e a prática da convivência sustentável e solidária com o ecossistema do semi- árido. A área de abrangência desse projeto demonstrativo compreende os Estados da Região do Semi-Árido do Brasil, com 1.012 municípios e uma população rural de 8.300.000 habitantes”, assim define a ANA. Este trabalho continua, pois os desafios são muitos. Novas metas são estabelecidas. Um segundo programa (P1+2) está sendo articulado com o objetivo de construir cisternas também para outras necessidades, como para os animais domésticos e plantas frutíferas. Constrói-se uma quadra de cimento, que recolhe a água numa cisterna em quantidade suficiente para atender as necessidades domésticas. É mais um programa viável e muito importante na nossa realidade do semi-árido. Com tais iniciativas, o homem do campo terá melhores dias e encontra o melhor jeito de conviver com a pouca chuva no semi-árido e com o alto índice de evaporização.
Sabemos que água é vida! Conservar uma parte desta água que cai sobre a região no inverno é condição para termos um semi-árido viável. O Seridó precisa deste esforço e da colaboração das famílias para amenizar futuros problemas de falta de água para o consumo humano e doméstico.
Fica o apelo para todos: valorizar as chuvas e armazenar as águas o quanto possível nos açudes, barreiros, barragens submessas e cisternas, evitando a sua contaminação e impedindo que dejetos sejam atirados nestas reservas hídricas vitais para a população.
Ao tempo que nos alegramos com as abundantes chuvas deste inverno, devemos pensar e garantir água de qualidade para o futuro.
Por Dom Delson
Homenagens ao grande mestre
Há 4 meses
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